Diversos tons de azul revelam-se no tecido como magia, e da planta Persicaria tinctoria, nasce o Índigo japonês.

 

 

Um pigmento especial, encontrado na natureza e insolúvel na água. Descoberto por civilizações ancestrais, o azul é sagrado na tradição secular japonesa, vestindo samurais no Período Edo.

A extração da cor se dá em um longo processo artesanal, envolvendo paciência quanto ao tempo da natureza e compreensão da técnica. O tingimento só acontece em condições muito específicas de PH e temperatura, para então o pigmento se tornar ativo. 

O índigo era considerado um ser vivente com vontades próprias, cercado de mistérios. Os tecidos, depois de mergulhados em tinta da cor verde advinda da maceração ou fermentação das plantas, se revelam em novos tons de azul quando expostos ao ar. Essa revelação do azul, carregada de simbolismos, torna o índigo capaz de imprimir a um objeto o conceito de joia, por sua presença única e especial. 

O índigo japonês parte da fermentação da planta Persicaria tinctoria e leva um ano para completar seu ciclo. O processo é lento e pede respeito à passagem do tempo.

Os objetos tingidos apresentam diversos tons de azul, do turquesa ao azul profundo, dependendo do número de banhos. Os objetos, depois de tingidos, sofrem a ação do tempo, desbotam e adquirem cicatrizes, como se contassem uma história ancestral e ao mesmo presente, pois continuam em transformação. 

Assim cada objeto ganha uma alma.

 

Por que o azul?

O azul do Aizomê (tingimento de índigo) enfatiza o caráter imperfeito e único de cada peça, a estética do wabi-sabi que celebra a beleza da imperfeição e da transitoriedade, a vida como um processo contínuo de transformação.

Mas o azul ultrapassa fronteiras culturais e temporais, no Egito antigo simbolizava o universo, a perfeição, o divino e a eternidade. Já para os tuaregues ele é proteção e a conexão com o vasto céu do deserto, para Yves Klein, a evocação do imaterial e infinito que conecta o espectador a uma dimensão espiritual.

 

 

O azul cultuado no Aizome evidencia o caráter e a trajetória única de cada peça.